segunda-feira, maio 29, 2006

Crepúsculos

Em mais um daqueles fins de tarde, oportunistas da inoportuna tradição, vagueiam pela avenida de raizes nas mãos, na avenida em que jazem troncos negros que se assemelham a corpos nús elevando-se perante os céus de flores ardentes que percorrem os seus longos e duros braços, um tom angústiante violáceo anúnciam-nos a chegada, corpos suados; toco á campainha; pé ante pé continuo, degrau a degrau continuo, chego, sem mais para dizer vejo do ponto mais alto as chamas que fervem a avenida, corpos felizes, que tentam continuar felizes,volto para dentro, sentado está á beira de uma guerra consigo mesmo, aquele mesmo espirito que ali me espera todos os dias desde há duzentos anos, e continuará na passagem das horas enquanto lá fora ardem os lampiões perante uma calçada de vidas, e vivo, e morro mil vezes, e ao teu lado, eternamente aqui ficarei, sentada observando contigo o crespúsculo imortalizado na nossa alma, nunca terás um fim de tarde como este, nunca mais terás um 25 de Maio como este, nunca mais terás um céu cor-de-rosa de nuvens azuis banhado por um ar quente sem aragem e foi assim que ficámos, fomos com ele, assim lentamente fundindo-se no horizonte quase como um abraço eterno com a terra,
e morro mil vezes

3 Comments:

Blogger art laca said...

gostava tanto que tudo fosse "cor-de-rosa"... o céu. as pessoas "boas". os animais. as arvores. a terra...

01 junho, 2006 03:09  
Anonymous Anónimo said...

Great site lots of usefull infomation here.
»

20 julho, 2006 10:31  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

21 julho, 2006 17:11  

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