descrição
Saio porta fora, o sol já vai alto, fito-o de soslaio e prossigo. Começa mais um dia, não posso dizer que tenha uma vida rotineira, mas ando lá perto, o sol queima, é Agosto e nem sempre vem um vestígio de aragem, primeiro transporte á vista, o mesmo gesto repete-se, com a companhia das notas musicais em forma moderna, CD, companhia de todos os dias, rodeada de gentes, ando sempre sozinha. Pé no chão, faço um esforço para não cair, tento despertar mais um pouco, mentalizo-me que mais um dia ai vem, e nas linhas férreas espera mais um meio que me fará prosseguir, neste escasso mês, na minha correria igual à do ano inteiro por poucos corpos me cruzo, um mais bronzeado que o outro, calções ou fato usado mesmo sendo novo, um fato igual a tantos outros que não conta nenhuma história durante o ano todo, mas em Agosto talvez conte uma história de escravidão ou de solidão. Paragem a paragem cruzo-me com a paisagem habitual, tão familiar há tantos e tantos anos, dou-me por feliz por ver o mar todos os dias, estando ele com um ar que inspirou as pinturas do Romantico ou somente um mar bucólico que me faz deslizar banco a baixo ou me ajuda a mergulhar no policial que leio, em que este tem como cenário uma praia da costa francesa, em que alguém foi morto e ninguém sabe que o foi. Final da linha, que passa e passa, atravesso o asfalto sobre o qual quando regresso sobre o mês de _Outubro já ao cair da noite, relembro-me sempre, e para sempre será assim, daquela mesma lua e daquelas mesmas pessoas que ela me faz, felizmente, recordar, e é assim, consigo subir mais um degrau sem tropeçar nas poucas pessoas que nos restam, turistas que me dizem quando me sento a seu lado sorry, but my friend is sitting here ao que eu respondo com um largo sorriso oh! I'm sorry e quase automaticamente passo para o banco de trás. Uma semana passou que eu desapareci destas terras, agora uma semana depois, observo os novos cartazes expostos, vejo o que eu perdi na ultima semana, fica para a próxima, miradouros, ruelas, ruelas que são o meu cenário perfeito para passear sozinha, comigo mesma num dia chuvoso de Dezembro, continuamos a subir a rua, lá no cume cruzamo-nos com um outro autocarro, olho para as pessoas sem razão aparente, um senhora já de idade fala com outra que se senta no banco de trás, uma outra senhora de porte trabalhador, lê um daqueles romances de cordel, com uma expressão tão impenetrável, qual a sua sensação? será que queria sentir o que as personagens sentiam? será que ainda sonha? e mais umas outras pessoas seguiam naquele veiculo quase vazio, mais jardins e chego ao meu destino, ai vem mais um dia: sorriso nos lábios ofereço e recebo uns bons dias no rés do chão, tal como se repetem ao entrar no elevador e ao chegar ao 16º andar.
É fim de Agosto e já se começa a perceber uma certa melancolia do crepúsculo de Setembro, aquele clima instável de Setembro, o início das correrias, corro de volta, agora faço um percurso diferente, desta vez não vejo o mar, desta vez vou pelo interior das cidades, cruzo-me com palácios e durmo um bocado durante o caminho. Um encontro e um planear da noite, sair, ir ao encontro das luzes e das enchentes de espaços que não são assim tão pequenos, mas as companhias de longa data fazem-nos abrir um espaço só nosso, e ao chegar á rua o céu é nosso e descemos a avenida, alguns vultos na rua, por alguns vultos passamos, não têm rosto, não sei se teram alma, por ali passam, chegamos perto da areia mas não chegamos a pisá-la. Inspiramos o ar fresco do princípio de Setembro e subimos ruas e mais ruas, adornadas de palacetes que quase invejamos e penso de como a minha casa é pequena, é pequena mas é onde tudo já se passou, mas voltando aos palacetes, fachadas vislumbrantes, uns poderiam ser influenciados pelo Organicismo outros pela arquitectura Romana, quem sabe... liga o motor e aqui vamos nós, são 2 da manhã e amanhã é mais um dia, este foi demasiado longo, antes de adormecer ainda tenho tempo de um pensamento ou dois, de tentar pensar em quem eventualmente possa estar a ter o mesmo pensamento que eu, dou mais uma vista de olhos ao policial, 5 páginas e já mal abro os olhos. Apago a luz, puxo os lençois-padrão-zebra e sigo o meu caminho por montes e vales...
É fim de Agosto e já se começa a perceber uma certa melancolia do crepúsculo de Setembro, aquele clima instável de Setembro, o início das correrias, corro de volta, agora faço um percurso diferente, desta vez não vejo o mar, desta vez vou pelo interior das cidades, cruzo-me com palácios e durmo um bocado durante o caminho. Um encontro e um planear da noite, sair, ir ao encontro das luzes e das enchentes de espaços que não são assim tão pequenos, mas as companhias de longa data fazem-nos abrir um espaço só nosso, e ao chegar á rua o céu é nosso e descemos a avenida, alguns vultos na rua, por alguns vultos passamos, não têm rosto, não sei se teram alma, por ali passam, chegamos perto da areia mas não chegamos a pisá-la. Inspiramos o ar fresco do princípio de Setembro e subimos ruas e mais ruas, adornadas de palacetes que quase invejamos e penso de como a minha casa é pequena, é pequena mas é onde tudo já se passou, mas voltando aos palacetes, fachadas vislumbrantes, uns poderiam ser influenciados pelo Organicismo outros pela arquitectura Romana, quem sabe... liga o motor e aqui vamos nós, são 2 da manhã e amanhã é mais um dia, este foi demasiado longo, antes de adormecer ainda tenho tempo de um pensamento ou dois, de tentar pensar em quem eventualmente possa estar a ter o mesmo pensamento que eu, dou mais uma vista de olhos ao policial, 5 páginas e já mal abro os olhos. Apago a luz, puxo os lençois-padrão-zebra e sigo o meu caminho por montes e vales...
(desculpem ficou um pouco grande, mas é somente um excerto daquilo que penso ao longo do dia)