segunda-feira, maio 29, 2006

Crepúsculos

Em mais um daqueles fins de tarde, oportunistas da inoportuna tradição, vagueiam pela avenida de raizes nas mãos, na avenida em que jazem troncos negros que se assemelham a corpos nús elevando-se perante os céus de flores ardentes que percorrem os seus longos e duros braços, um tom angústiante violáceo anúnciam-nos a chegada, corpos suados; toco á campainha; pé ante pé continuo, degrau a degrau continuo, chego, sem mais para dizer vejo do ponto mais alto as chamas que fervem a avenida, corpos felizes, que tentam continuar felizes,volto para dentro, sentado está á beira de uma guerra consigo mesmo, aquele mesmo espirito que ali me espera todos os dias desde há duzentos anos, e continuará na passagem das horas enquanto lá fora ardem os lampiões perante uma calçada de vidas, e vivo, e morro mil vezes, e ao teu lado, eternamente aqui ficarei, sentada observando contigo o crespúsculo imortalizado na nossa alma, nunca terás um fim de tarde como este, nunca mais terás um 25 de Maio como este, nunca mais terás um céu cor-de-rosa de nuvens azuis banhado por um ar quente sem aragem e foi assim que ficámos, fomos com ele, assim lentamente fundindo-se no horizonte quase como um abraço eterno com a terra,
e morro mil vezes

sábado, maio 27, 2006

Tarde demais...

Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...

Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!

Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!...
Florbela Espanca

domingo, maio 21, 2006

Intemporalidades/presenças

Á meia-noite cá te espero, dizia a lua para consigo, e nunca apareceu. Não vale a pena contares-me os meus sonhos, consigo vê-los através dos teus olhos, nada é impossível e já esqueci aquela tal mesma lua que me fazia recordar o que nunca houve, de novo sem lua, novos não-acontecimentos surgem, somente ridicularizo este asfalto, 5 kilómetros e 30 metros de asfalto, rotações perfeitamente normais, demasiado lento, demasiado rápido o tempo passou, demasido normal foi aquele percurso e fujo, fujo do teu espelho, do teu espírito, evito-o, não quero que entre em contacto com o meu e sento-me, refugio-me por entre caracteres impressos em frágeis folhas gigantescas, continuo a não estar segura, é o mar, o mar! e a lua reflectida sobre ele, na areia, a água lunar é absorvida e ao andar pé ante pé sobre os carris da linha desactivada testemunha de outrora fatigante, dejá'vu, já em qualquer lugar, em qualquer tempo, em qualquer sonho... voltei a enfrentar o espelho e vejo a noite passada ou então já esta manhã, assombrada pelo sonho da realidade, da verdade, da distância, do intemporal, do utópico, de um corpo que se encontra não mais que 1 km; resto-me aqui, deitada aos abutres como alpista deitada das janelas, os restos dos canários, para os pardais... carne para canhão

sábado, maio 20, 2006

Ruelas e Festas

Olhas-me de soslaio, ou então tentas somente observar a silhueta que longe te espera, tão longe que a chuva intersecta a visão e a percepção das formas se torna infiel; e um passo em falso e um objectivo e uma desilusão e um pé calçado e um pé descalço e uma mão que aperta outra e um espirito que segura um outro e um céu enublado e um céu limpido; água lunar ao banhar outrora corpos imaculados faz-nos surgir agora nesta situação, movimento espontâneo, hipnótico [hipnótico[hipnótico[hipnótico[hipnótico[...]]]]]; a propósito, esqueceste-te de novo do teu espirito aqui, da próxima vez deixa o corpo também; mais uma vez, o ar torna-se pesado, num tom avermelhado e de odor parecido com uma mistura de enxofre e ranço, definitivamente esse vulto jamais caminhará por entre as gentes, por entre ruelas, caminhos que protagonizavam um futuro próspero, inumeras festas se deram por lá, ó se deram... 'com uma mão cheia de nada... apenas com o coração nas mãos' ... e passas por nós como se nada fosse, corres de novo, continuas, continuas, continuas, de mãos bem fechadas contra o peito apertam um objecto incognito, continuas, continuas, queres parar então páras, de joelhos depositas uma caixa no asfalto, em posição desconfortável apoias o corpo fazendo com que a mão se funda com o alcatrão, de seguida o resto do braço acompanha o processo, pensas fazer parte de uma massa pesada, mas, acordas num lugar um quanto ou tanto familiar, estás no teu refugio, a caixa no canto do cubiculo e tu de corpo encostado ao tecto deixas-te ficar assim,
imóvel

in The Psycho revenge Group, 26 Novembro 2005
De vísceras para o exterior continuo á espera da tua presença que nunca mais será adiantada no salário que recebias, ingratidão, satisfação, gozo, um furo na cabeça, um homicidio planeado pelo assassinado que foi corroido por sentimentos que pensaram ser os mais correctos, mas não, não há definição para bem e para mal, afinal, é bom estar a ler isto, ou mau? se nem voces sabem o significado, meus amigos o significado está dentro de vós, abram a vossa mente, usem a massa cinzenta por favor... de novo fecho os olhos, sinto o meu ventre humido e simultaneamente algo a escorrer pelo corpo, não sinto mais nada, fico ali sem poder contemplar o céu, este não nos segura, serro os olhos e cego.


in The Psycho Regenve Group, 30 de Agosto 2005

Sejam Bemvindos á casa soalheira da LK

Bom, como alguns já conheciam o blog em que eu escrevia, do grupo Psycho Revenge Group (http://thepsychorevengegroup.blogspot.com/) dispensa-se muitas apresentações, para os outros que não me conhecem de lado algum e que neste momento se devem estar a questionar mas quem é esta?, numa breve explicação do que vai cá dentro: sobretudo sem nexos, sobretudo demásiados pensamento com nexo, histórias, realidades e desejos... Para mais informações continuem a ler este blog e leiam o http://thepsychorevengegroup.blogspot.com/ (os meus posts sao os que estão assinados como LK), postarei aqui também alguns textos desse mesmo blog. E pronto, tenham um bom dia.



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